sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Urgência coletiva

Com toda educação
A poesia pede autorização
para entrar por traz no busão
Rouba atenção e aplausos
Em troca de alguns causos
Declamados à multidão.

Arranca diversos sorrisos
Tímidos, escancarados
Acorda olhares perdidos
Distrai os ali distraídos
Beija os corações cansados.

Sua voz é ouvida
Mesmo só de passagem
Quem está na lida
Se depara com a vida
E entende a mensagem.

Motoristas, cobradores
Crianças, adultos
Trabalhadores, artistas astutos,
poetas consagrados,
Contemporâneos, marginalizados,
Todos dividindo espaço
Dentro da minhoca de aço.

A poesa ganha vida
E não passa despercebida
Quem pode, registra
Quem não, também
Seja no celular, só no olhar
Ou na energia que move o trem.

São Paulo nos estressa
A pressa é desenfreada
O ônibus está lotado
Mas ninguém olha pro lado
E mantém a cara fechada.

Não importa se no Tucuruvi
Ou no Guarapiranga
No Grajau ou Guilhermina-esperança
Quem enfrenta sabe que cansa
Se sentar o sono bate de pronto
Se moscar, todos perdem o ponto.

O mundo é o coletivo
O coletivo é um mundo
Uns indo trabalhar
Outros voltando pra descansar
Friamente profundos.

Desconhecidos ouvidos atentos
Nas palavras lançadas ao vento
Grandes potenciais amigos,
Que levarão a mim consigo.

Viver de instantes
Como poetas ambulantes
É nossa recompensa
A poesia é uma urgência
Por isso estou declamando
Pois vocês sabem
Eu podia ta matando,
eu podia ta roubando...

2 comentários:

  1. Parabéns ao trabalho......

    MAGNIFICO...
    SENSACIONAL...
    EXTRAORDINÁRIO...
    SEM MAIS....
    NÃO TENHO UMA TRADUÇÃO CORRETA AO TRABALHO DE VOCÊS.....

    MUITO DIGNO DE APLAUSOS...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Thuane!

      É lindo receber este carinho e reconhecimento! Aparece sábado lá no Parque =D

      Excluir