Importante: as palavras abaixo não pretendem, tão pouco, conseguirão descrever com exatidão os momentos de felicidade vividos entre pessoas desconhecidas através da poesia...
Ontem
aconteceu a 3ª Saída do coletivo Poetas Ambulantes, fomos do bairro do Valo
Velho, extremo sul de São Paulo, até o metrô Anhangabaú, centro da cidade, com
destino ao Sarau Suburbano Convicto, que acontece todas as terças-feiras na rua
Treze de Maio, nº70.
Estávamos
em um grupo de cinco poetas (Carolina Peixoto, Jefferson Santana, Lu’z Ribeiro,
Mariane Staphanato e Thiago Peixoto) e uma fotografa, a Renata Armelin (que
amamos), que gentilmente nos acompanhou pela segunda vez em uma saída para
registrar cada momento vivido nos coletivos da cidade.
O
trajeto começou as 16h, (pouco depois da chuva torrencial negociar sua estiagem
com o sol escaldante que viria em seguida), pegamos o primeiro ônibus em frente
ao Extra do Valo Velho, e então começou a festa – “motorista, podemos entrar
pela porta de trás pra distribuir e recitar poesia?” – eis que a porta se abre,
os poetas sobem e o sarau começa, simples assim.
Foi
um privilégio (infelizmente para poucos) assistir aos rostos se transformando,
da cara fechada que estranha a chegada de passageiros clandestinos pela porta
de trás, ao sorriso largo, quando percebiam que estávamos lá simplesmente
para colorir o fim de tarde com poesia, alegrar e amaciar um pouco o coração
dos que ali estavam endurecidos pelo ritmo frenético que a cidade impõem aos
seus moradores.
Fizemos
nosso trajeto pelos ônibus que circulam na Estrada de Itapecerica até o metrô
Capão Redondo, em seguida pegamos o metrô da linha lilás, até o Terminal João
Dias, onde pegamos os ônibus que faziam o itinerário da Av. João dias, Av.
Vereador José Dinis e Av. Ibirapuera. Fomos até o metrô Santa Cruz, lá pegamos
a linha azul rumo à estação Sé onde fizemos baldeação para chegarmos ao
Anhangabaú.
No
total, distribuímos mais de 300 poesias (com informações no verso sobre alguns
dos Saraus que acontecem atualmente na cidade), escritas por frequentadores desses
saraus, que mesmo não podendo estar lá dentro dos coletivos, acreditam no
projeto e, indiretamente, estavam conosco e fizeram acontecer. Nossa gratidão a
todos que escreveram as poesias!
É
difícil contabilizar quantas pessoas foram impactadas, passamos no total por
nove ônibus, uma lotação e seis vagões de metrô, alguns lotados outros nem
tanto, fora as pessoas que se deparavam conosco recitando poesias nos pontos de
ônibus, estações, escadas rolantes, enfim, no trajeto inteiro a proposta era
atingir o maior número de pessoas possível e foi o que fizemos.
O
resultado superou nossa expectativa, as pessoas realmente se emocionaram com as
poesias e, em alguns coletivos, praticamente todos os passageiros batiam palmas
e nos parabenizavam. Quem estava do lado de fora ficava sem entender, e caia na
gargalhada junto. Na estação Sé, uma pessoa desceu conosco, nos parabenizou e
falou, “minha estação já passou, só desci agora porque fiquei entretida com
vocês e não me atentei à hora de descer”, foi realmente lindo (confesso que
adoraria fazer a experiência de permanecer dentro do ônibus depois que os
poetas descem, pra ver como as pessoas se comportariam no resto de sua viagem
pra casa).
Para
finalizar, precisamos agradecer ao Sarau Suburbano Convicto, que recebeu nosso
coletivo de braços abertos, com o carinho e respeito de sempre, e nos cedeu a
palavra para falar sobre a nossa iniciativa e a experiência que tínhamos
acabado de viver.
Infelizmente
a felicidade não se traduz em palavras, então vou parar por aqui e deixar o
convite para que vocês vivam essa experiência conosco. Fiquem ligados aqui no
blog e em nossas redes, em breve divulgaremos as fotos dessa saída e
informações sobre próxima, em dezembro.
Como
disse Paulo Leminski, “A vida é uma viagem, pena eu estar só de passagem”.