sábado, 24 de maio de 2014

Jorginho

poesia Sergio Vaz
desenho Carolina Peixoto





Jorginho ainda não nasceu
esta escondido com medo
no ventre da mãe
quando chegar não vai encontrar pai
que saiu pra trabalhar
e nunca mais voltou pra jantar
no barraco em que vai morar cabem dois
mais é com dez que vai ficar
sem ter o que mastigar
nem leite pra beber
vai ter a barriga inchada
mas sem nada pra cagar
não vai pra escola
não vai ler nem escrever
vai cheirar cola
pedir esmola pra sobreviver
não vai ter sossego
nao vai brincar
não vai ter emprego
vai camelar
menor carente
vai ser infrator
com voto de louvor deliquente
não vai ter páscoa
não vai ter natal
se for esperto se mata
com o cordão umbilical.

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