quinta-feira, 31 de julho de 2014

Rodrigo Campos - Califórnia Azul


Califórnia Azul é a música que serviu de sample para duas de cinco do mestre Criolo, vale a pena saber de onde vem o que ouvimos. 


Califórnia Azul - Rodrigo Campos

não tava lá fazendo cera
ele não tá de brincadeira
malandro se jogou no asfalto
carregado na canseira

deixou a mina na calçada
como é bonita e safada
fica me olhando desse jeito
e eu não posso fazer nada

já dei plantão na rua dela
e o namorado na favela
moleque que já tem cartaz
e a menina dando trela

compro uma pistola do vapor
visto o jaco califórnia azul
faço uma mandinga pro terror
e vou...

se eu fosse um cara diferente
chegava junto de repente
beijava a boca e tudo mais
pelo tesão que a gente sente

compro uma pistola do vapor
visto o jaco califórnia azul
faço uma mandinga pro terror
e vou..

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Hoje começa a FLIP



Paraty é uma das mais turísticas cidades do Rio de Janeiro e do Brasil. Alguns dos motivos são suas encantadoras paisagens naturais e a arquitetura histórica espalhada pela cidade. Além disso, é responsável por organizar grandes festas ao longo do ano, sendo que a mais famosa começa hoje, trata-se da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), que entre os dias 30/07 a 03/08 vai reunir nomes consagrados da literatura, assim como vários artistas independentes de diferentes gêneros, como nós Poetas Ambulantes, que veem na FLIP uma oportunidade para divulgar seus trabalhos para um grande público. 

O grande homenageado desta edição será o autor Millôr Fernandes, além das diversas mesas com os vários autores convidados durante esses 5 dias. Pra começar bem, haverá um show de abertura no Centro Histórico com a cantora Gal Costa às 21:30h. Confira a programação oficial no site: http://www.flip.org.br/

Nós, os Poetas Ambulantes já teremos parte do time na cidade hoje e iremos circular por ela, divulgando nossos livros, nosso trabalho e realizando intervenções pelas ruas, além de realizarmos os seguintes eventos:

Sarau Ambulante - Microfone aberto
1 de agosto, às 19h
Hostel Sereia do Mar
Rua Jabaquara, 33 - Praia do Jabaquara

Slambulante - Batalha de Poesia
(Textos autorais de até 3 minutos)
2 de agosto, às 17h
Che Lagarto Hostel
Rua Benina Toledo do Prado, 22 - Paraty

Estão todos convidados para essas datas e convidamos também todos os artistas independentes a ocuparmos a cidade com as nossas artes e para compartilhar ideias, conhecendo mais uns os outros. 

Um grande abraço
Uma vez Poetas Ambulantes e nada será como antes!



segunda-feira, 28 de julho de 2014

ESTATUTO DO HOMEM - Thiago de Mello (Ato Institucional Permanente)


Artigo I 

Fica decretado que agora vale a verdade. 
agora vale a vida, 
e de mãos dadas, 
marcharemos todos pela vida verdadeira. 


Artigo II

Fica decretado que todos os dias da semana, 
inclusive as terças-feiras mais cinzentas, 
têm direito a converter-se em manhãs de domingo. 


Artigo III 

Fica decretado que, a partir deste instante, 
haverá girassóis em todas as janelas, 
que os girassóis terão direito 
a abrir-se dentro da sombra; 
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, 
abertas para o verde onde cresce a esperança. 


Artigo IV 

Fica decretado que o homem 
não precisará nunca mais 
duvidar do homem. 
Que o homem confiará no homem 
como a palmeira confia no vento, 
como o vento confia no ar, 
como o ar confia no campo azul do céu.


Parágrafo único: 

O homem, confiará no homem 
como um menino confia em outro menino. 


Artigo V 

Fica decretado que os homens 
estão livres do jugo da mentira. 
Nunca mais será preciso usar 
a couraça do silêncio 
nem a armadura de palavras. 
O homem se sentará à mesa 
com seu olhar limpo 
porque a verdade passará a ser servida 
antes da sobremesa. 


Artigo VI 

Fica estabelecida, durante dez séculos, 
a prática sonhada pelo profeta Isaías, 
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos 
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora. 


Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido 
o reinado permanente da justiça e da claridade, 
e a alegria será uma bandeira generosa 
para sempre desfraldada na alma do povo. 


Artigo VIII 

Fica decretado que a maior dor 
sempre foi e será sempre 
não poder dar-se amor a quem se ama 
e saber que é a água 
que dá à planta o milagre da flor. 


Artigo IX

Fica permitido que o pão de cada dia 
tenha no homem o sinal de seu suor. 
Mas que sobretudo tenha 
sempre o quente sabor da ternura. 


Artigo X

Fica permitido a qualquer pessoa, 
qualquer hora da vida, 
o uso do traje branco. 


Artigo XI 

Fica decretado, por definição, 
que o homem é um animal que ama 
e que por isso é belo, 
muito mais belo que a estrela da manhã. 


Artigo XII 

Decreta-se que nada será obrigado 
nem proibido, 
tudo será permitido, 
inclusive brincar com os rinocerontes 
e caminhar pelas tardes 
com uma imensa begônia na lapela.


Parágrafo único: 

Só uma coisa fica proibida: 
amar sem amor. 


Artigo XIII 

Fica decretado que o dinheiro 
não poderá nunca mais comprar 
o sol das manhãs vindouras. 
Expulso do grande baú do medo, 
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal 
para defender o direito de cantar 
e a festa do dia que chegou. 


Artigo Final. 

Fica proibido o uso da palavra liberdade, 
a qual será suprimida dos dicionários 
e do pântano enganoso das bocas. 
A partir deste instante 
a liberdade será algo vivo e transparente 
como um fogo ou um rio, 
e a sua morada será sempre 
o coração do homem.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Viveu, Ariano Suassuna

" Ariano Suassuna

Ariano Suassuna (1927 - 2014) foi um poeta, romancista e dramaturgo brasileiro. Nasceu na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, no dia 16 de junho de 1927. Filho de João Suassuna, ex-governador do Estado, passou parte de sua infância na fazenda Acauham. Em 1930, com o assassinato de pai, a família muda-se para a cidade de Taperoá, no sertão, onde Ariano fez seu curso primário.

Em 1938 vão morar no Recife, onde Ariano ingressa no Colégio Americano Batista. Em seguida estuda no Ginásio Pernambucano, importante colégio da cidade. Em 1946 entra para a Faculdade de Direito, ligando-se ao círculo de poetas, escritores e artistas da capital pernambucana, onde fundam o Teatro do Estudante de Pernambuco.

Em 1952 começa a trabalhar como advogado mas, logo abandona a profissão, dedicando-se ao magistério e à atividade de escritor. Autor de extensa obra, entre elas, os romances "O Auto da Compadecida" (1955), obra que mais tarde seria adaptada para o cinema e para a televisão, "O Santo e a Porca" (1958), "A Pena e a Lei" (1971) e o "Romance d'a Pedra do Reino" (1971), obra também adaptada para a televisão.

O romance o "Auto da Compadecida" enquadra-se na tradição medieval dos Milagres de Nossa Senhora (do século XIV), em que numa história mais ou menos profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora. O estilo é simples, onde o humor e a sátira unem-se num tom caricatural, porém com sentido moralizante. Ariano traz uma visão cristã sem se aprofundar em discussões teológicas, denunciando a corrução, o preconceito e a hipocrisia.

Ariano Suassuna foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura em 1967, foi diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE, em 1969. Foi também secretário de cultura do governo Eduardo Campos. Realizava aulas-espetáculos em várias cidades do país. Com seu estilo próprio, sua capacidade imaginativa e seus conhecimentos sobre o folclore nordestino, realizava verdadeiro espetáculo.

Ariano faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, em decorrência de um AVC hemorrágico. "

fonte: http://pensador.uol.com.br/autor/ariano_suassuna/biografia/

E com uma história maravilhosa dessa, sugerimos o  riso de Suassuna, e porque de sua ida "num sei, só sei que foi assim".



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Novo som do Nego E, com participações de Xênia França do Aláfia e da Poeta Ambulante Mel Duarte

Nego E é uma das vozes que correm pelo Hip Hop e por alguns saraus de São Paulo. 
O clipe abaixo é da música Caos e foi divulgado recentemente no Youtube, contando com as participações de Xênia França, do grupo Aláfia e, da nossa Poeta Ambulante, Mel Duarte.

Trabalho lindo, vale a pena conferir!



segunda-feira, 21 de julho de 2014

"Na Veste Dos Peixes As Palavras De Ontem" Novo livro da poeta Sinhá




''Na Veste Dos Peixes As Palavras De Ontem" é o segundo e mais novo livro da poeta Sinhá que já foi homenageada pelo nosso coletivo no começo do ano.

O lançamento será HOJE, 22 de julho, a partir das 20h na Galeria de Arte A7MA:

Rua harmonia, 95.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Heróis Tombados - com Roberta Estrela D'alva

A copa passou, mas o  futebol permanece, junto  com ele questões sociais infindas. Não há palavras que eu  possa usar para descrever o que é esse vídeo, digo só que é das coisas mais fortes e que de fato nos deixa sem ter o que dizer, só sentir.

Confira : Heróis Tombados - com Roberta Estrela D'alva

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sabotage - Nós

Sem sombra de dúvidas Sabotage é um dos grandes poetas da música brasileira, um artista que desde o início sempre teve ciência do seu potencial e uma visão muito clara das coisas.

Nesse documentário a história do rapper é contada por amigos e familiares e também, trechos do próprio Sabotage, cantando e dando entrevista.

Confira!


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Termos da nova dramática (ou parem de falar mal da rotina) - Elisa Lucinda



Parem de falar mal da rotina
parem com essa sina anunciada
de que tudo vai mal porque se repete.
Mentira. Bi-mentira: 
não vai mal porque repete.
Parece, mas não repete
não pode repetir
É impossível!
O ser é outro
o dia é outro
a hora é outra
e ninguém é tão exato.
Nem filme.
Pensando firme
nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas:
chuva dia azul crepúsculo primavera lua cheia céu estrelado barulho do mar
O que que há?
Parem de falar mal da rotina
beijo na boca
mão nos peitinhos
água na sede
flor no jardim
colo de mãe
namoro
vaidades de banho e batom
vaidades de terno e gravata
vaidades de jeans e camiseta
pecados paixões punhetas
livros cinemas gavetas
são nossos óbvios de estimação 
e ninguém pra eles fala não 
abraço pau buceta inverno 
carinho sal caneta e quero
são nossas repetições sublimes
e não oprime o que é belo
e não oprime o que aquela hora chama de bom
na nossa peça
na trama
na nossa ordem dramática
nosso tempo então é quando
nossa circunstância é nossa conjugação 
Então vamos à lição:
gente-sujeito
vida-predicado
eis a minha oração.
Subordinadas aditivas ou adversativas
aproximem-se!
é verão
é tesão!


O enredo
a gente sempre todo dia tece
o destino aí acontece:
o bem e o mal
tudo depende de mim
sujeito determinado da oração principal.



Do livro: euteamo e suas estreias


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Dica de filmes brasileiros sobre poesia: A Febre do Rato


Febre do rato é uma expressão típica do Nordeste, que significa estar fora de controle.
Metáfora apenas aparente para Zizo, personagem principal de Febre do Rato, o filme. Poeta por vocação, ele dedica a vida à publicação de seu jornaleco, cujo nome é o mesmo do título.
O objetivo é expor suas ideias, repletas de propostas anárquicas que valorizam o livre arbítrio das pessoas, sem se prender às amarras morais impostas pela vida civilizada. Quem não conhece o mundo de Zizo pode imaginar que ele esteja com a febre do rato, ou seja, fora de controle. Só que a verdade é justamente o oposto.
 

Bezerra da Silva - Onde a coruja dorme

Assistam a esse documentário incrível, sobre um dos maiores interpretes que nosso o país já conheceu, Bezerra da Silva.
O Sambista ficou conhecido por cantar a realidade da periferia nas décadas de 70, 80 e 90, o que o consagrou como porta voz do morro, gravando sambas dos trabalhadores, compositores das favelas do Rio de Janeiro.
O mais interessante desse filme é que ele apresenta ao público, em vídeos de roda de samba e entrevistas, grande parte dos principais compositores que o Bezerra gravou, que além de contar a história da relação com o sambista, trazem relatos sobre o nascimento de vários dos sambas que se tornaram clássicos na voz de Bezerra, vale muito a pena conferir:

quinta-feira, 10 de julho de 2014

FOI-SE A COPA?

Foi-se a Copa? Não faz mal. 
Adeus chutes e sistemas. 
A gente pode, afinal, 
cuidar de nossos problemas.

Faltou inflação de pontos? 
Perdura a inflação de fato. 
Deixaremos de ser tontos 
se chutarmos no alvo exato.

O povo, noutro torneio, 
havendo tenacidade, 
ganhará, rijo, e de cheio, 
A Copa da Liberdade.


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Poesia Futebol Clube


Esse sábado (12), a partir das 12h30, o Sesc Campinas vai receber dois timaços de poetas - Febre Amarela e Fim de Feira, com diversos representantes da poesia contemporânea, de variadas idades, ideias e estilos, vindos de diferentes regiões da Brasil. 

Trata-se do Poesia Futebol Clube, evento poético e futebolístico, onde além de disputarem uma partida de futebol os poetas também participam de uma roda de bate papo, com declamação de poesia e debate sobre futebol. Os jogos terão narração ao vivo do Poeta Marco Pezão e do José Sarmento.

Diversão garantida, não só com poesia mas com lances antológicos protagonizados por esses craques dos versos. 

Mais informações: http://www.sescsp.org.br/programacao/35804_FUTEBOL+DOS+POETAS

sábado, 5 de julho de 2014

Solano Trindade


No mês de julho nosso coletivo homenageia o artista Solano Trindade. Nascido em Pernambuco, viveu em São Paulo, onde formou família e desenvolveu grande parte de seus trabalhos.

Além de poeta, Solano era ator, teatrólogo, folclorista, artista plástico, sempre defendendo em suas obras a valorização da cultura negra, denunciando a desigualdade social, o preconceito, dentre outras misérias humana.

A saída será no próximo dia 14 e, para ir se familiarizando com o poeta, separamos este documentário que apresenta um pouco da história e obra de Solano.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

"Quem não luta, tá morto!"



Durante toda a nossa caminhada como Poetas Ambulantes estamos ao lado das pessoas, compartilhando poesia e aprendendo com suas histórias e vivências. Uma das coisas que têm sido mais marcantes nisso, tem sido o contato com alguns movimentos que lutam por moradia na cidade de São Paulo, num lugar que é considerado como a cidade dos negócios, que arrecada boa parte dos impostos e movimenta a economia no país, mas que mostra-se incapaz de oferecer uma vida digna para grande parte da população, que é a grande responsável por fazer desta cidade o que é. 

Ontem estivemos em uma ocupação no Vale do Anhangabaú, junto com outros movimentos como o Anhangabarootz, para dar um apoio as pessoas que estão praticamente acampadas ao lado do Teatro Municipal, após terem que sair do prédio da antiga escola de ballet que fica no mesmo local. Presenciamos uma situação muito precária, principalmente nestes tempos de inverno, em que vimos pessoas que só tem as barracas como teto. Realizamos uma intervenção poética lá e abrimos o espaço para que outros dessem a palavra. Competimos com o barulho da FIFA Fan Fest que está acontecendo ao lado, mas mesmo assim foi lindo e importante. 

Hoje temos ainda mais certeza de que precisamos reforçar esse coro, por essas pessoas, pra que esta cidade seja justa e beneficie as pessoas que trabalham por ela, não só como acontece hoje que grandes empreiteiras e empresários é que detêm os recursos e os benefícios. É uma grande ironia vermos tantos prédios abandonados no Centro e tanta gente sem ter onde morar. Sabemos que o problema não é exclusividade de São Paulo, mas de todas as grandes capitais do país. E mesmo que, pela complexidade e desacordo de interesses, seja difícil de resolver, vamos seguir acompanhando nesta nossa trajetória ambulante.